Na contramão da pandemia, incorporadora vende R$100 milhões em imóveis
A paranaense GT Building, uma das principais incorporadoras imobiliárias do estado, divulgou balanço referente ao faturamento parcial alcançado em 2020. Apesar do ano caótico em diversos setores, a empresa segue em crescimento e registrou Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 100 milhões entre janeiro e julho.
O diretor comercial da incorporadora, Rodolfo Baggio Pereira, conta que o planejamento que vinha sendo aplicado em janeiro e fevereiro foi totalmente alterado a partir de março, mas, dadas as devidas proporções, não chegou a causar grande impacto na programação. “Nosso cronograma de 2020 estava pronto e bem fundamentado. Tínhamos grandes planos de lançamentos, eventos, convenções e entregas, que foram adaptados ao contexto que começamos a vivenciar em março como início da pandemia”, diz.
Ele explica que o rápido entendimento do cenário global e a criação de estratégias virtuais foram fundamentais para a permanência ativa no mercado.“Quando o novo coronavírus ainda chegava ao Brasil, por precaução, já migramos para o estilo de trabalho híbrido e investimos em ferramentas digitais que fizeram toda a diferença. Isso, ao invés de causar grandes danos àquilo que havíamos programado, na verdade nos apresentou uma nova modalidade de vendas que pode se fortalecer mesmo quando a pandemia passar, e que vai desde a visita virtual até a assinatura de contrato”, comenta Pereira.
Além disso, no primeiro semestre, a empresa promoveu diferentes campanhas que ofereciam uma série de vantagens ao cliente. Na Campanha CompraDigital, foram lançados os benefícios de recompra garantida, que dava ao cliente que comprasse um apartamento a possibilidade de devolvê-lo, caso necessário, e recebesse o valor pago até o momento; de parcela reduzida que consistia na diminuição do valor pago à incorporadora no período de construção do empreendimento; e de descontos digitais que dava descontos exclusivos aos compradores que optassem pelo processo virtual ao adquirir um imóvel. Já em junho, foi lançada a Campanha Compra Certa, que além dos benefícios citados, também oferecia personalização inclusa, imposto sobre imóveis (ITBI) e custas de cartório absorvidos pela incorporadora, desconto de 6.6% ao ano com antecipação das mensalidades, 0% no aumento da taxa mensal, parcelamento e condomínio bonificado até dezembro de 2020.
Mercado imobiliário aquecido
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Brain Inteligência Estratégica e o Senai realizaram uma pesquisa com mais de 900 empresários do setor da construção civil entre abril e maio. O estudo avaliou osIndicadores Imobiliários Nacionais no 1º Trimestre de 2020 e 56% dos respondentes sinalizaram que fecharam vendas durante a pandemia. Ainda, 55%iniciaram as negociações após 20 de março, quando notícias e impactos causados pelo vírus já estavam sendo amplamente abordados no Brasil.
Em julho, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e a Fipe divulgaram uma análise do mercado durante o mês de maio. O documento aponta que vendas de imóveis novos somaram 10.085 unidades, totalizando 29.847unidades no último trimestre móvel e 118.060 nos últimos 12 meses (alta de2,7%).
O economista, professor da USP e coach de finanças pessoais, MarcosSilvestre, explica que os argumentos para comprar um imóvel estão ficando cada vez mais fortes, visto o comportamento do mercado, o recuo em investimentos na renda fixa e as condições apresentadas pelas empresas do setor. “O meio imobiliário hoje está sendo visto como uma moeda forte e deve ser um dos principais propulsionadores da economia quando voltarmos à estabilidade. Essa é a oportunidade ideal para comprar um imóvel, já que os financiamentos estão muito bons, a taxa Selic está a 2% e as vantagens estão muito convidativas”, ressalta.
Uma comparação feita pelo especialista é com relação ao crédito imobiliário. “Vamos considerar o financiamento de 50% de um imóvel com valor de venda de R$ 840 mil(R$ 420 mil de saldo financiado). Há dois anos, por exemplo, a taxa de juros do crédito imobiliário era de 10% ao ano (0,80% ao mês), mas caiu muito de lá para cá, e hoje se encontra no patamar de 7% ao ano (0,56% ao mês). Parece que não, mas trata-se de uma enorme diferença para o bolso do comprador! Essa redução faz com que a primeira parcela mensal caia 23%, assim como todas as demais, gerando uma economia em juros equivalente a 50% do valor financiado. O financiamento nestas condições, além de possibilitar o acesso a um imóvel de maior valor partindo da mesma faixa de comprovação de renda, gera uma economia total de 1/4 do valor do imóvel, o que pode servir, por exemplo, para o comprador decorar seu novo lar. Na prática, é como comprar um novo imóvele “ganhar” o projeto de design interior”, explica o economista.
Silvestre finaliza afirmando que, nesse momento, falta apenas o encontro entre imóvel e comprador para a negociação acontecer, já que todo o cenário e favorável. “Os juros do financiamento imobiliário não devem cair mais do que estão hoje. Quem for esperar, pode perder o melhor momento de mercado em termos de preço, de estoque, de variedade de empreendimento. A hora é agora. Seja para quem quer investir em um patrimônio que tem valorização a longo prazo, para quem quer obter renda por meio do imóvel e até mesmo para quem quer realizar uma grande conquista que vem sendo adiada”, argumenta.